Homossexualidade e psicanálise [estudo druida]
Homossexualidade e psicanálise [estudo druida]
O que é homossexualidade
A primeira coisa que você precisa ter em mente é que homossexualidade não é uma opção (por isso, é incorreto dizer “opção sexual”) e, além disso, não é uma patologia e não pode – e nem deve – ser tratada. A Resolução nº 01/1999 deixa claro que a sexualidade faz parte da identidade de cada pessoa e, por isso, práticas homossexuais não constituem doença ou distúrbio.
Antes de contarmos como um psicólogo pode te ajudar na autoaceitação, é importante que você saiba que os profissionais não te enxergam diferente de outros pacientes e não utilizarão a “terapia de conversão”.
A homossexualidade, para Freud, não é nenhum tipo de “desvio” de comportamento ou doença. Para o pai da psicanálise, todos os seres humanos são originariamente bissexuais, e “a psicanálise permite-nos apontar para um vestígio ou outro de uma escolha homossexual em todos os indivíduos”.
A homossexualidade é muito mais comum e natural do que poderiam suspeitar os conservadores. No artigo O caso Schreber, Freud afirma que “de modo geral, todo ser humano oscila, ao longo da vida, entre sentimentos heterossexuais e homossexuais.”
É importante que nós saibamos respeitar as diferenças. Começamos esse artigo com essa afirmação uma vez que é fundamental que a tenhamos em mente quando tratamos sobre a homossexualidade. Pouco importa a opinião que nós temos sobre o assunto. É importante que saibamos respeitar as escolhas de uma pessoa sobre a forma como ela escolheu viver.
Nesse contexto, é possível perceber que a homossexualidade é um assunto que cada vez mais recebe atenção. As pessoas estão tendo mais espaço para assumir a sua orientação sexual e defendê-la. Inclusive, sabemos que atualmente muitas famílias já são compostas por casais homoafetivos.
A homossexualidade para Freud
Primeiramente, é importante destacar que Freud não acreditava que a homossexualidade era uma doença. É possível verificar isso na carta que ele escreveu em resposta a uma mãe que estava preocupada com o seu filho gay. Segundo o pai da psicanálise, não haveria motivos para ela se envergonhar da homossexualidade do seu filho ou para considerá-la um vício ou uma degradação.
A homossexualidade ainda é tabu para a sociedade mas para a psicologia não. Inclusive, hoje, a psicoterapia pode exercer um papel importante no auxílio do autoconhecimento e, principalmente, autoaceitação de pessoas homossexuais. O “aceitar-se”, aliás, é o passo mais importante para viver uma vida tranquila em relação à orientação sexual.
Cura Gay
É possível estabelecer então uma relação entre essa afirmação freudiana e a ideia de “cura gay”. Se o médico austríaco não considerava que os homossexuais eram doentes, isso significa que ele não encontraria justificativa para a realização de terapias de reversão sexual.
C.G. Jung
Não há um texto único de Jung sobre o tema. Embora também não possamos encontrar diretamente o tema da homossexualidade, vamos encontrar o embrião da sua teoria a respeito da anima (parte feminina na alma do homem) e do animus (parte masculina na alma da mulher).
No Livro Vermelho, que estudo no meu doutorado, ele escreve no dia 28 de dezembro de 1913:
“…a pessoa é masculina e feminina, não é só homem ou só mulher. De tua alma não sabes dizer de que gênero ela é. Mas se prestares bem atenção, verás que o homem mais masculino tem alma feminina, e que a mulher mais feminina tem alma masculina. Quanto mais homem és, tanto mais afastado de ti o que a mulher realmente é, pois o feminino em ti mesmo te é estranho e desprezível” (JUNG, 2010, 263).
Os opostos e os símbolos psíquicos
Na alquimia, cujo simbolismo Jung estudou extensamente em suas últimas obras, há sempre a oposição entre dois pólos e, como não poderia deixar de ser, há a oposição, a polaridade entre elementos sexuais. No início do Mysterium Coniunctionis, Jung escreve:
“Os fatores que se unem na coniunctio são considerados como opostos, que se opõe como inimigos ou se atraem amorosamente um ao outro.
Conclusão
Como diria o professor Walter Migliorini, a tendência de Jung é escrever de maneira circumabulatória, ou seja, encontramos o tema que estamos estudando em uma obra que não tem relação direta com o tema estudado. Bem, este é um texto apenas introdutório ao que podemos estudar sobre a homossexualidade na obra de C. G. Jung. Nesse sentido, é um texto também circumabulatório.
Como indicação de leitura, deixo o segundo capítulo do livro de Robert Hopcke: Jung, junguianos e a homossexualidade. Neste capítulo, há uma descrição detalhada dos conceitos de Jung nas suas três principais fases: psicanalítica, psicologia analítica e fase “madura”.
Do Brasil para o mundo,
Paulo César Ebano Moreira
Fontes:
https://psicologosvilaolimpia.com.br/psicologia/homossexualidade-autoaceitacao/
https://www.psicologiamsn.com/2014/07/homossexualidade-para-c-g-jung.html
https://www.psicanaliseclinica.com/homossexualidade/
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